terça-feira, 29 de abril de 2008

PASSADO

A MENINA E O PÁSSARO



Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo. Ele era um pássaro diferente de todos os demais: era encantado. Se a porta da gaiola estiver aberta, os pássaros comuns vão embora, para nunca mais voltar. Mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades.
Suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava. Certa vez voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão.
- Menina, eu venho de montanhas frias e cobertas de neve. Trouxe, nas minhas penas, um pouco do encanto que eu vi, como presente para você. E assim ele começava a cantar as canções e as estórias daquele mundo que a menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro.
Outra vez ele voltou vermelho como fogo, penacho dourado na cabeça.
- Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga.
A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia. E o pássaro amava a menina, e por isso voltava sempre. Mas chegava sempre a hora da partida. Chorava a menina e chorava o pássaro. E a menina pediu ao pássaro que não mais partisse.
- Eu vou lhe contar um segredo, disse-lhe o pássaro. As plantas precisam da terra, os peixes precisam dos rios, nós precisamos do ar. E o meu encanto precisa da saudade. É aquela tristeza, na espera da volta, que faz com que minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for, não haverá saudades. Eu deixarei de ser um pássaro encantado e você deixará de me amar. Assim ele partiu. A menina, sozinha, chorava de tristeza à noite.
E foi numa destas noites que ela teve uma idéia malvada: "Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá; será meu para sempre. Nunca mais terei saudades, e ficarei feliz". Com esses pensamentos, comprou uma linda gaiola e ficou à espera. Finalmente ele chegou, maravilhoso, com suas novas cores, com estórias diferentes para contar.
Cansado da viagem, adormeceu. Foi então que a menina, cuidadosamente, prendeu-o na gaiola para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz. Foi acordar de madrugada, com um gemido triste do pássaro.
- Ah, menina! o que você fez? Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das estórias. Sem a saudade, o amor irá embora!
A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas isso não aconteceu. O tempo ia passando e o pássaro ia ficando diferente. Caíram suas plumas, os vermelhos, os verdes e os azuis das penas se transformaram num cinza triste. E veio o silêncio. Também a menina entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava. E de noite ela chorava pensando naquilo que havia feito ao seu amigo. Até que não mais agüentou e abriu a porta da gaiola.
- Pode ir, pássaro, volte quando quiser!
- Obrigado, menina. Eu tenho que partir. É preciso partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro da gente.
O que você tem feito com o seu pássaro encantado? <<<<<<

"O PREÇO DOS SONHOS"

Sonhar não é tão simples como parece. Pelo contrário, pode ser perigoso. Quando sonhamos, colocamos em marcha energias poderosas, e também fazemos uma escolha do preço a pagar. Seguir um sonho tem sempre um preço. Pode exigir que abandonemos nossos hábitos, nos obrigar a passar dificuldades e nos levar a decepções. Mas, por mais alto que seja este preço, nunca é tão alto como o que é pago por quem não viveu sua lenda pessoal.
Porque estes um dia vão olhar para trás e irão escutar o próprio coração dizer: "desperdicei toda a minha vida." <<<<<<<

terça-feira, 15 de abril de 2008