quinta-feira, 28 de agosto de 2008

"A VOZ DO SILÊNCIO"


"A VOZ DO SILÊNCIO"

"Pior do que uma voz que cala, é um silêncio
que fala".
Simples. Rápido. E quanta força. Imediatamente
me veio à cabeça
situações em que o silêncio me disse verdades
terríveis, pois você sabe, o
silêncio não é dado à amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega. Um
encontro bloqueado. Silêncios que falam sobre
desinteresse, esquecimento,
recusas. Quantas coisas são ditas na quietude,
depois de uma discussão. O
perdão não vem, nem um beijo, nem uma gargalhada
para acabar com o clima de
tensão. Só ele permanece imutável, o silêncio, a
ante-sala do fim.
É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer
ouvir, pois ao menos as palavras que são ditas
indicam uma tentativa de
entendimento. Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos, expõem
suas queixas, jogam limpo. Já o silêncio arquiteta
planos que não são
compartilhados. Quando nada é dito, nada fica
combinado.
Quantas vezes, numa discussão histérica,
ouvimos um dos dois gritar:
"diz alguma coisa, , mas não
fica aí parado me
olhando". É o silêncio de um mandando más notícias
para o desespero do
outro.
É claro que há muitas situações em que o
silêncio é bem-vindo. Para um
cara que trabalha com uma britadeira na rua, o
silêncio é um bálsamo. Para a
professora de uma creche, o silêncio é um presente.
Para os seguranças dos
shows, o silêncio é uma megasena. Mesmo
no amor ou na amizade, quando a
relação é sólida e madura, o silêncio a dois não
incomoda, pois é o silêncio
da paz. O único silêncio que perturba é aquele que
fala. E fala alto. É
quando ninguém bate a nossa porta, não há recados não
não há emails
mesmo assim você entende a mensagem.

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